A economia brasileira perdeu fôlego e cresceu 2,2% no segundo trimestre de 2025, na comparação com o mesmo período do ano passado, mostram dados divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em relação aos primeiros três meses deste ano, o PIB (Produto Interno Bruto) avançou 0,4%. Apesar da desaceleração, a atividade atingiu o maior patamar da série histórica, iniciada em 1996.
Como foi o PIB
Economia nacional cresce 2,2% em um ano. A variação para o período entre abril e junho considera uma comparação com o igual período de 2024. Na base de referência, a taxa é a menor desde 2020, quando o PIB encolheu 10,1% no primeiro período afetado pelos efeitos econômicos da pandemia do novo coronavírus.
Resultado confirma perda de força do PIB. Apesar de positivo, o avanço mantém a sequência de desaceleração da economia nacional observada desde o terceiro trimestre do ano passado. Na comparação entre todos os períodos, a alta anual é a menor desde o primeiro trimestre de 2022 (1,5%).
PIB nacional avança pelo 18º trimestre seguido. A última queda da economia brasileira na comparação anual foi apurada pelo IBGE no último trimestre de 2020 (-0,3%). Na ocasião, as economias do mundo sofriam com os efeitos da pandemia decretada no início daquele ano.
Crescimento diminui na comparação trimestral. A constatação surge diante do leve avanço de 0,4% do PIB entre abril e junho, em relação à expansão de 1,3% apurada nos primeiros três meses deste ano. As expectativas apontavam para o crescimento de 0,3% da economia na base de comparação. Na análise, o último resultado negativo aconteceu no segundo trimestre de 2021 (-0,6%).
Resultado mantém o PIB no maior nível da história. Mesmo com a desaceleração, a atividade econômica encontra-se no maior patamar de toda a série do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, coletado desde 1996. O desempenho é impulsionado pelos recordes atingidos pelo setor de serviços e pelo consumo das famílias.
Em valores correntes, o PIB somou R$ 3,2 trilhões. O resultado da soma de bens e serviços finais produzidos no país ao longo do segundo trimestre é formado pela soma de R$ 2,7 trilhões referentes ao VA (Valor Adicionado) a preços básicos e R$ 431,7 bilhões aos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.
Na ótica da demanda, os gastos das famílias aumentam 1,8%. A evolução foi influenciada pelo aumento na massa salarial real, aumento do crédito disponível às famílias e de transferências governamentais de renda às famílias. O consumo do governo, por sua vez, cresceu 0,4% em relação ao segundo trimestre de 2024.
Exportações e impostações de bens e serviços também crescem. Os avanços registrados na comparação anual foram de, respectivamente, 2% e 4,4%. Entre as vendas para o exterior é explicada, principalmente, pelos veículos automotores, extração de petróleo e gás, metalurgia e máquinas e aparelhos elétricos. Já no caso das importações, os destaques ficam por conta dos produtos químicos, das máquinas e equipamentos, e dos produtos farmacêuticos.
Setores
Agropecuária puxa a alta do PIB na comparação com 2024. O setor cresceu 10,1% e guiou o avanço econômico do período. A coordenadora das Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, afirma que o ganho de produtividade de alguns produtos da lavoura explica o bom desempenho da agropecuária no período.
O crescimento interanual do primeiro trimestre já foi significativo. O clima favorável explica as estimativas recordes para a safra recorde de milho e de soja, que puxam esses bons resultados da agropecuária.
Rebeca Palis, coordenadora do IBGE
Indústria e serviços também cresceram na comparação. O setor industrial avançou 1,1%, puxada pelas Indústrias Extrativas (8,7%), em decorrência do aumento na extração de petróleo, gás e minério de ferro. Já o ramo de serviços, que representa cerca de 70% do PIB nacional, expandiu 2% ante o mesmo período do ano passado.
Após salto de 12,3% no primeiro trimestre, agropecuária encolhe. Na comparação com os três primeiros meses deste ano, o setor que impulsionou o avanço anual do PIB recuou 0,1%. A indústria, por sua vez, avançou 0,5%, apesar das retrações das atividades relacionadas à gestão de resíduos (-2,7%), das indústrias de transformação (-0,5%) e da construção (-0,2%).
Setores sofrem com elevação da taxa básica de juros. Palis afirma que a desaceleração da economia e o resultado negativo de algumas atividades era esperado devido à sequência que ele elevou a taxa Selic a 15% ao ano, o maior patamar desde 2006. “Atividades Indústrias de transformação e construção, que dependem de crédito, são mais afetadas nesse cenário”, avalia ela.
Setor de serviços fica quase ileso à política monetária restritiva. Segundo a coordenadora do sistema de contas do IBGE, o segmento é aquele menos impacto pelo aumento dos jutos. “Foi uma alta disseminada pelo setor e puxada pelas atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados; informação e comunicação, impulsionado pelo desenvolvimento de software, e transporte, armazenagem e correio, puxado por transporte de passageiros”, destaca Palis.
O que é o PIB
O Produto Interno Bruto corresponde à soma de todos os bens e serviços finais produzidos em determinada economia. Divulgado no Brasil pelo IBGE a cada três meses, o Sistema de Contas Nacionais Trimestrais é calculado a partir de uma fórmula que considera o consumo das famílias, os gastos do governo, os investimentos e as exportações líquidas.
O estudo que mede o desempenho da economia nacional foi iniciado em 1988, mas sofreu alterações. A primeira reestruturação ocorreu em 1998, quando os seus resultados foram integrados ao Sistema de Contas Nacionais, de periodicidade anual. Em 2015, uma nova mudança metodológica estabeleceu o ano de 2010 como referência para os cálculos.
O IBGE calcula duas séries de números-índices para analisar o desempenho do PIB a cada trimestre. Uma das modalidades tem base no ano anterior à divulgação. Já a outra, chamada de “encadeada”, tem o ano de 2010 como referência, sendo ajustada sazonalmente de forma que permita o cálculo das taxas de variação em relação ao trimestre imediatamente anterior.