Espanha, Irlanda e Noruega anunciam reconhecimento do Estado palestino

 Irlanda, Espanha e Noruega anunciaram nesta quarta-feira que reconhecerão um Estado palestino em 28 de maio, dizendo que esperam que outros países ocidentais sigam o exemplo, o que levou Israel a retirar seus embaixadores.

O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, afirmou que a medida tem como objetivo acelerar os esforços para garantir um cessar-fogo na guerra de Israel contra o Hamas em Gaza.

“Esperamos que nosso reconhecimento e nossas razões contribuam para que outros países ocidentais sigam esse caminho, porque quanto mais formos, mais força teremos para impor um cessar-fogo, para conseguir a libertação dos reféns mantidos pelo Hamas, para relançar o processo político que pode levar a um acordo de paz”, disse ele em um discurso na câmara baixa do país.

Israel iniciou sua guerra em Gaza em retaliação a um ataque do Hamas em 7 de outubro, que matou 1.200 pessoas e fez mais de 250 reféns, de acordo com os cálculos israelenses. As operações de Israel no enclave já mataram mais de 35.000 palestinos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

A Espanha e seus aliados passaram meses fazendo lobby junto às nações europeias, incluindo França, Portugal, Bélgica e Eslovênia, para obter apoio para o reconhecimento de um Estado palestino.

“Hoje, a Irlanda, a Noruega e a Espanha estão anunciando que reconhecem o Estado da Palestina”, disse o primeiro-ministro irlandês, Simon Harris, em uma coletiva de imprensa em Dublin.

“Cada um de nós agora tomará as medidas nacionais necessárias para dar efeito a essa decisão.”

Ele acrescentou que a Irlanda é inequívoca no reconhecimento total de Israel e de seu direito de existir “com segurança e em paz com seus vizinhos”, e pediu que todos os reféns em Gaza sejam imediatamente devolvidos.

Em Oslo, o primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Store, disse que a única alternativa para uma solução política entre israelenses e palestinos é “dois Estados vivendo lado a lado em paz e segurança”.

EMBAIXADORES CHAMADOS

Em resposta aos anúncios, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, ordenou o retorno imediato dos embaixadores israelenses nos três países para consultas e alertou sobre outras “graves consequências”.

“Estou enviando uma mensagem clara hoje: Israel não será complacente com aqueles que minam sua soberania e colocam em risco sua segurança”, disse ele.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou que também repreenderia os embaixadores de Irlanda, Espanha e Noruega e mostraria a eles um vídeo de mulheres reféns mantidas em cativeiro pelo Hamas.

Israel argumenta que a única maneira de obter a condição de Estado palestino é por meio de negociações e que contornar esse processo daria ao Hamas e a outros grupos militantes um incentivo para usar a violência.

Cerca de 144 dos 193 Estados-membros das Nações Unidas já adotaram essa medida, incluindo a maioria dos países do sul global, Rússia, China e Índia, mas apenas alguns dos 27 membros da União Europeia o fizeram até agora, sendo a Suécia a primeira em 2014. O Reino Unido e a Austrália indicaram nos últimos meses que poderiam seguir o exemplo em breve.

Os palestinos buscam a condição de Estado na Cisjordânia ocupada por Israel e na Faixa de Gaza, tendo Jerusalém Oriental como capital.

O aliado mais fiel de Israel, os Estados Unidos, vetou no mês passado uma tentativa de reconhecimento pelas Nações Unidas de um Estado palestino, argumentando que uma solução de dois Estados só pode vir de negociações diretas entre as partes.

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