Fazendas removem mais carbono do que emitem, revela pesquisa no Brasil e Uruguai

Uma recente pesquisa realizada em quatro estados brasileiros e no Uruguai revelou que propriedades rurais estão removendo mais carbono da atmosfera do que emitindo. A prática, considerada inovadora e sustentável, utiliza sistemas integrados como a integração lavoura-pecuária (ILP), resultando em alta produtividade e benefícios ambientais. Além disso, essas propriedades já veem oportunidades na comercialização de créditos de carbono, ampliando o impacto econômico da prática sustentável.

O estudo, que envolveu 33 fazendas e cerca de 19 mil hectares, foi conduzido nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso e no Uruguai. A análise revelou que essas áreas sequestraram, em média, 0,92 toneladas de CO₂ equivalente por ano, totalizando 17.250 toneladas de carbono removidas da atmosfera anualmente.

Práticas que fazem a diferença

João Lucas Mattos, produtor rural em Charqueadas, Rio Grande do Sul, trabalha com integração lavoura-pecuária há quase uma década e destaca como o sistema permite aumentar a produtividade. “No inverno, triplicamos o número de animais na pastagem, e no verão, com o melhoramento do campo, conseguimos manter a mesma quantidade”, explica. Mattos também alcançou alta eficiência no manejo, com bovinos de 15 meses pesando em média 380 kg, além de um rendimento de carcaça de 53%.

O segredo para resultados tão expressivos está na adoção de boas práticas, como a rotação de pastagens, adubação eficiente e o uso de tecnologias modernas. Segundo Gustavo Heissler, gerente de sustentabilidade da SIA, a implementação de sistemas como ILP e integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), além do plantio direto, contribui significativamente para a redução de emissões e aumento da remoção de gases.

Oportunidade econômica e ambiental

Além de promover um manejo sustentável, a pesquisa revela o potencial das propriedades rurais na comercialização de créditos de carbono. As boas práticas adotadas permitem que os produtores não apenas reduzam as emissões de gases de efeito estufa, mas também gerem créditos ao remover carbono da atmosfera.

Para João Lucas, a possibilidade de transformar essa prática em um retorno financeiro foi uma surpresa positiva. “No início, não acreditei muito na questão dos créditos de carbono, mas agora vejo como uma oportunidade real. Continuaremos adotando essas práticas para contribuir com o meio ambiente e, ao mesmo tempo, gerar benefícios para o nosso negócio”, afirma o produtor.

O estudo reforça que a intensificação produtiva pode ser uma aliada tanto para o agronegócio quanto para a preservação ambiental, provando que sustentabilidade e alta produção podem caminhar juntas no campo.

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