Fatores hereditários estão entre as possíveis causas da doença no público infantil, mas o estilo de vida também tem forte influência.
Dores no peito, dor de cabeça, tontura, zumbido no ouvido, fraqueza, visão embaçada e sangramento nasal. Esse conjunto de sintomas leva qualquer médico a suspeitar de um possível quadro de hipertensão. No entanto, quando o paciente tem apenas nove, sete anos ou até menos, a chance de que essa condição seja considerada logo de início é bem menor.
Isso não significa que os médicos estejam sendo negligentes. Na verdade, essa tendência é respaldada por dados estatísticos. De acordo com a pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), cerca de 30% da população adulta brasileira vive com hipertensão. Esse percentual aumenta com a idade e ultrapassa os 60% entre os indivíduos com mais de 65 anos.
Ainda assim, mesmo fora desse perfil predominante, crianças também podem desenvolver pressão alta, como explica o cardiologista Dr. Henrique Furtado. “Na maioria dos casos, a hipertensão infantil está relacionada a hábitos pouco saudáveis, como alimentação inadequada e sedentarismo, que levam ao sobrepeso ou à obesidade. Além disso, fatores genéticos e doenças renais, endócrinas, cardíacas ou pulmonares também podem estar envolvidos”, afirmou o especialista. O Ministério da Saúde estima que entre 3% e 15% das crianças e adolescentes brasileiros já convivem com a hipertensão arterial.
Embora pareça incomum, a pressão alta na infância pode trazer sérias consequências. “Quanto mais jovem o paciente desenvolve a hipertensão, maior é o risco de eventos graves, como acidente vascular cerebral (AVC), infarto, insuficiência renal, aneurisma de aorta e perda da visão. Esses quadros podem surgir quando a doença não é controlada de forma rápida e eficaz”, alertou o médico.
Para evitar diagnósticos tardios, especialmente nos casos em que a hipertensão não apresenta sintomas evidentes, é essencial que a pressão arterial de crianças e adolescentes seja aferida em todas as consultas de rotina. Já os pais devem oferecer uma alimentação equilibrada, incentivar a prática regular de atividades físicas e promover hábitos saudáveis desde a infância.