O Banco Central projeta um crescimento de 3,5% para o PIB de 2024 e avalia que há 100% de chance de a inflação ultrapassar o limite superior da meta

O Banco Central melhorou sua estimativa para o crescimento econômico do Brasil em 2024 a 3,5%, ante patamar de 3,2% estimado em setembro, conforme Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira, e piorou significativamente suas projeções para cumprimento da meta de inflação.

A nova estimativa para a atividade está acima da atualmente prevista pelo Ministério da Fazenda, de expansão de 3,3% neste ano. Já o mercado, segundo a pesquisa Focus mais recente, estima que a economia crescerá 3,42% em 2024.

No documento, o BC ainda projetou um crescimento de 2,1% em 2025, ante previsão de 2,0% apresentada em setembro.

De acordo com a autarquia, as revisões para cima levaram em conta o arrefecimento menor que o esperado no PIB deste ano, a robustez do consumo das famílias e do investimento e o dinamismo do mercado de trabalho.

“As projeções de crescimento para 2024 e 2025 foram revisadas para cima, mas permanece a perspectiva de desaceleração da atividade, em razão de fatores como o maior grau de aperto esperado para a política monetária e a expectativa de um menor impulso fiscal, entre outros”, disse no documento.

INFLAÇÃO

Na reavaliação apresentada nesta quinta, o BC estimou que a probabilidade de a inflação ultrapassar o limite superior do intervalo de tolerância da meta está perto de 100% neste ano, contra projeção anterior de 36%.

O IPCA subiu em novembro 0,39%, alcançando no acumulado em 12 meses alta de 4,87%. De acordo com o IBGE, para o índice fechar o ano com uma alta acumulada de 4,5%, o IPCA mensal em dezembro teria que avançar no máximo 0,20%.

Para 2025, a chance de a inflação estourar o teto da meta passou de 28% para 50%, segundo o BC, que vê uma elevação nesse risco de 19% para 26% em 2026.

A meta contínua de inflação é de 3% neste e nos próximos anos, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Segundo a autarquia, a inflação acumulada em 12 meses, que alcançou 4,87% em novembro, incorpora uma surpresa de 0,44 ponto percentual em relação ao estimado pelo BC três meses atrás.

“Destaca-se a pressão maior que a esperada sobre preços de alimentos, que veio a se somar às pressões exercidas pelo aquecimento da atividade econômica e pela acentuada depreciação cambial”, disse.

Além dos dados de atividade, câmbio e expectativas de mercado, o documento apontou que as recentes surpresas inflacionárias e a revisão das projeções de curto prazo também contribuíram para uma piora nas estimativas para os preços à frente, via inércia.

“Esses fatores mais do que compensaram os efeitos da subida da taxa de juros real, que, entretanto, contribuíram para evitar um aumento mais acentuado nas projeções”, afirmou.

Nas projeções do cenário de referência da autarquia, a inflação permanece acima do limite do intervalo de tolerância até o terceiro trimestre de 2025, entrando depois em trajetória de declínio, mas ainda permanecendo acima da meta. Para 2026, o BC espera uma inflação de 3,6%, também acima do centro do alvo.

O documento destacou ainda que o ambiente externo permanece desafiador, exigindo cautela de países emergentes, ao citar dúvidas sobre a economia dos Estados Unidos e a determinação de bancos centrais de economias avançadas em combater a inflação em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho.

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