Ex-governador Mauro Carlesse tem pedido de liberdade negado pela quarta vez

A Justiça negou, pela quarta vez, um pedido de liberdade provisória para o ex-governador Mauro Carlesse (Agir), preso suspeito de planejar fuga para fora do Brasil. Ele responde a pelo menos cinco investigações e ações penais relacionadas a fraudes em licitações, desvios de dinheiro e outros crimes.

Carlesse foi preso na manhã no dia 15 de dezembro, quando estava a caminho de uma fazenda em São Salvador, na região sul do estado. Equipes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPTO), cumpriram o mandado de prisão preventiva expedido pela 3ª Vara Criminal de Palmas. Ele está preso no Quartel do Comando Geral, em Palmas.

Os planos de fuga incluíam, segundo investigação, o Uruguai e a Itália. No primeiro ele teria conseguido documento de identidade e o no segundo, já tinha passaporte e cidadania italiana. Tudo estava sendo arquitetado junto com o sobrinho, Claudinei Quaresemin, que também teve a prisão decretada no mesmo processo.

O advogado do ex-governador, Sandro Armando, informou que a defesa vai continuar requerendo a liberdade para Carlesse, pois entende “que o pedido de prisão preventiva é totalmente descabido e desproporcional”.

O primeiro habeas corpus apresentado pela defesa foi negado pelo desembargador João Rigo Guimarães no dia seguinte à prisão. Outros dois pedidos foram negados pelo desembargador Eurípedes Lamounier durante a semana.

No novo documento, o juiz Márcio Soares da Cunha considerou as três negativas, que há elementos que fundamentam a suspeita de que havia um plano de fuga sendo arquitetado pelo político, já que vários documentos levaram aos apontamentos dos investigadores. Entre eles o de um aluguel de uma casa em uma vila italiana, a dupla cidadania de Carlesse, que dificultaria a localização e extradição dele e que, ao contrário do que ele disse em entrevista, não há provas de que ele tenha negócios no Uruguai.

“Sendo assim, os argumentos do parecer do MP e, inclusive, o contrato de locação juntado aos autos pela defesa, reforçam a minha convicção de que é necessária a manutenção da decisão já prolatada. Ante ao exposto, INDEFIRO o pedido da defesa e mantenho a prisão preventiva do acusado”, destacou o juiz na decisão.

Justiça do Tocantins mantém ex-governador Mauro Carlesse preso — Foto: Reprodução/TV Globo

Na decisão que autorizou a prisão, o juiz Márcio Soares da Cunha destacou diálogos e indícios que comprovam um possível risco de fuga para o exterior de Carlesse para o Uruguai ou Itália, junto com Claudinei Quaresemin, ex-secretário de estado sobrinho do ex-governador.

O ex-secretário teria providenciado documento de identidade e autorização para residência fixa no Uruguai para ele e o tio. A decisão destacou que em 23 de abril de 2024, Quaresemin enviou a Carlesse uma foto da carteira de identidade uruguaia do ex-governador, expedida em 3 de abril de 2024.

Identidade uruguaia e passaporte italiano de Carlesse fundamentaram pedido de prisão — Foto: Reprodução

No dia 4 de junho de 2024, o ex-secretário comunicou ao tio que o pedido de residência permanente no Uruguai havia sido deferido pelas autoridades do país. Também houve diálogos entre eles sobre como abrir contas e enviar dinheiro para o exterior.

Na Itália, o sobrinho teria viabilizado o aluguel de uma casa em um vilarejo com o nome de uma intermediária. O valor foi de 1,5 mil euros de aluguel no imóvel, segundo o MP.

Além disso, Carlesse também estaria, segundo a investigação, usando um endereço italiano para supostamente constituir advogados e requerer documentos para família. Carlesse, que tem cidadania e passaporte italiano chegou a declarar residência em Marsciano (Perugia), onde fica o vilarejo de Pieve Caina, segundo citou o juiz.

Renúncia ao governo

Mauro Carlesse assumiu o Poder Executivo do Tocantins em 2018. Ele era presidente da Assembleia Legislativa e acabou na cadeira de governador porque Marcelo Miranda (MDB) e Cláudia Lelis (PV), então governador e vice, foram cassados por decisão do Tribunal Superior Eleitoral, após condenação por uso de caixa dois na campanha eleitoral de 2014.

Carlesse assumiu o mandato de forma interina e conseguiu se manter no cargo em uma eleição suplementar e depois novamente na eleição geral de 2018.

Ele ficou no cargo até outubro de 2021 quando foi afastado pelo Superior Tribunal de Justiça por suspeita de corrupção. Na época, a Polícia Federal apontou que Carlesse estava envolvido em um esquema de recebimento de propinas e também interferência política na Polícia Civil.

Carlesse renunciou ao cargo antes da votação pelo impeachment na Assembleia Legislativa. Com a renúncia, Wanderlei Barbosa (Republicanos), seu vice, assumiu o mandato.

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