Atividades integram a Estratégia Nacional para Conservação das Espécies Ameaçadas (Projeto Pró-Espécies: Todos Contra a Extinção).
O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) iniciou nesta segunda-feira, 9, no Rio Tocantins e seus afluentes, o levantamento e monitoramento da arraia-maçã, também conhecida como aramaçã, denominada cientificamente de Paratrygon aiereba. Considerada criticamente ameaçada de extinção, a espécie é classificada como prioritária na elaboração do Plano de Ação para Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção do Cerrado Tocantins (PAT Cerrado Tocantins). Por essa razão, está recebendo atenção especial de pesquisadores, que buscam localizá-la e monitorá-la. A ação integra a Estratégia Nacional para Conservação das Espécies Ameaçadas (Projeto Pró-Espécies: Todos Contra a Extinção).
Esse peixe, que já foi abundante no rio Tocantins e seus afluentes, quando ocupava ambientes de corredeiras com fundo arenoso, foi classificado como criticamente ameaçado de extinção na avaliação nacional realizada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), conforme a Portaria MMA Nº 148, de 7 de junho de 2022. No Tocantins, a espécie foi designada como focal no PAT Cerrado Tocantins e incorporada na Portaria Naturatins Nº 80, de 3 de julho de 2020.
O biólogo do Naturatins, Oscar Vitorino, explica como a metodologia das atividades será implementada. “O trabalho de monitoramento incluirá a identificação dos ambientes de ocorrência da espécie, marcação por implantes e acompanhamento por telemetria, permitindo que os pesquisadores rastreiem o deslocamento e uso do habitat da arraia-maçã no Rio Tocantins. Historicamente, a espécie foi registrada com frequência durante estudos de impacto ambiental das hidrelétricas no rio, mas as observações diminuíram após esse período”, detalhou.
O Professor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Domingos Garrone-Neto, destacou a importância da pesquisa e dos resultados esperados para o PAT Cerrado Tocantins. “Este estudo fornecerá dados detalhados sobre o uso do habitat por uma espécie de raia da família Potamotrygonidae, classificada como criticamente ameaçada. A utilização das ferramentas de estudo permitirá obter informações a partir da perspectiva dos animais, uma abordagem ainda pouco explorada para elasmobrânquios de água doce na América do Sul e em outras localidades do mundo. Poucos estudos empregaram telemetria para investigar o comportamento desses animais na natureza, o que aumenta a relevância desta pesquisa. Além disso, o estudo permitirá a elaboração de estimativas da área de vida da espécie, fornecendo informações fundamentais para o desenvolvimento de estratégias de planejamento espacial e proteção de espécies como Paratrygon aiereba, especialmente em paisagens aquáticas fragmentadas”, frisou.
Pró-Espécies
O Projeto Pró-Espécies é uma iniciativa do MMA, em parceria com suas agências vinculadas e organizações colaboradoras. Seu objetivo principal é mitigar os impactos sobre as espécies ameaçadas no Brasil, especialmente aquelas que não estão protegidas por instrumentos de conservação existentes. A meta é implementar medidas de proteção para todas as espécies ameaçadas do país até 2024, com foco especial nas 290 espécies mais críticas e abrangendo 13 estados brasileiros.
Coordenado pelo Governo Federal, por meio do MMA, o Pró-Espécies é financiado pelo GEF. A agência implementadora é o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio). O WWF-Brasil, selecionado para atuar como a agência executora, é responsável pela execução técnica e financeira dos recursos do projeto.
O projeto trabalha em conjunto no Maranhão, Bahia, Pará, Amazonas, Tocantins, Goiás, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo para desenvolver estratégias de conservação em 24 territórios e prioriza a integração da União e Estados na implementação de políticas públicas, assim como impulsionar iniciativas para reduzir as ameaças e melhorar o estado de conservação de espécies categorizadas como Criticamente em Perigo (CR) e que não contam com nenhum instrumento de conservação.
PAT Cerrado
O PAT Cerrado Tocantins integra o Projeto Pró-Espécies: Estratégia Nacional para a Conservação do Projeto Pró-Espécies. Estabelecido pela Portaria NATURATINS 80 de 2020, o Plano abrange uma área de 3.721.203,59 hectares na região centro-sul do Tocantins e inclui 22 municípios. Este território foi classificado como prioritário para a conservação de espécies ameaçadas dentro do Projeto Pró-Espécies.