Litro do extra-virgem nas gôndolas dos mercados brasileiros devem cair de R$ 80,00 para R$ 64,00, segundo levantamento italiano.
Os preços do azeite podem diminuir de forma significativa nos supermercados brasileiros, depois de atingirem recordes inéditos em poucos meses. Isso porque a safra na Europa melhorou após dois anos de problemas causados pelo clima adverso, apontam dados de uma empresa italiana do segmento.
A expectativa é que os preços caiam, pelo menos, 20% para o consumidor a partir do início de 2025. Com a redução, o preço médio de um litro de azeite extra-virgem nas gôndolas de mercado passaria de cerca de R$ 80,00 para R$ 64,00. Ao longo do ano, novas quedas de preços são projetadas.
De acordo com o estudo da companhia Filippo Berio, que tem negócios no Brasil, a nova safra europeia, que se iniciou em outubro, deve ter volumes robustos nos principais países produtores.
“A estimativa é de uma queda mínima de 20% nos preços no início do próximo ano, com possibilidades de reduções adicionais ao longo do ano, considerando a demanda global e as variações cambiais”, comenta Leonardo Scandola, diretor comercial da Filippo Berio na América Latina.
Segundo Scandola, a previsão de produção global para a campanha 2024/25 é de cerca de 3,1 milhões de toneladas, um aumento de 23% em relação à última safra. O crescimento será sustentado, em especial, pelas safras abundantes na Espanha, Tunísia, Turquia e Grécia, que devem ajudar a equilibrar o mercado e responder à demanda reprimida.
“Estamos finalmente voltando aos padrões tradicionais de produção, o que traz uma resposta à crescente demanda mundial por azeite de oliva”, acrescenta o executivo.
Por que o preço do azeite subiu tanto?
Durante 2024, o azeite registrou a maior alta no Brasil desde o início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2012, com aumento de 50% em relação ao ano anterior.
A produção nacional de azeite ainda é pequena, por isso o Brasil depende quase integralmente do mercado europeu para abastecer o mercado interno. O cenário deixa o país mais vulnerável às oscilações de preço, principalmente com a alta do dólar.
“Após dois anos de forte queda na produção, que causou aumentos de preços de aproximadamente 50%, a expectativa agora é de que o mercado reencontre o equilíbrio, permitindo que mais consumidores voltem a incluir o azeite em sua rotina alimentar”, afirma Scandola.
Segundo o relatório Mid-Year Consumer Outlook – Guide to 2025, da NielsenIQ (NIQ), os brasileiros estão priorizando o consumo intencional, focado em produtos essenciais e que promovam bem-estar e saúde. Em um cenário em que a maioria dos consumidores declara ser cautelosa com seus gastos e busca alternativas que favoreçam a economia doméstica, a redução de preços do azeite pode estimular seu retorno à mesa do consumidor.
Safra de oliva na Itália foge à regra e sofre com seca
Na Itália, no entanto, a situação permanece desafiadora. Devido à seca intensa e às altas temperaturas nas principais regiões produtoras do Sul, como Puglia e Sicília, a produção do país deve cair até 32% em relação ao ano passado, o que pode rebaixar o país da segunda para a quinta posição entre os maiores produtores globais.
“Se confirmadas, essas previsões fariam a Itália perder espaço no ranking, mas, felizmente, a qualidade do azeite italiano continua sendo um diferencial. A dedicação das cerca de 400 mil empresas agrícolas na Itália mantém nosso azeite como um produto de excelência”, comenta o diretor da companhia italiana.
O setor de azeite enfrenta o impacto das mudanças climáticas, que demandam uma adaptação urgente. “Precisamos de modelos agrícolas que minimizem os efeitos climáticos inesperados e protejam o setor”, reforla Scandola, comentando que é preciso investir em variedades de oliveiras mais resistentes à seca e em tecnologias de monitoramento hídrico para reduzir o déficit nas lavouras.