Colaboração entre instituições e a comunidade que vive no entorno do Rio Novo tem sido fundamental para a conservação do pato-mergulhão.
Em um marco significativo para a conservação, oito patinhos-mergulhões, uma espécie criticamente ameaçada, nasceram no Rio Novo, na região do Jalapão, no final do mês passado. A descoberta do ninho ativo ocorreu em junho, durante uma expedição conjunta do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), da Fundação Pró-Natureza (Funatura) e da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), com o apoio do Fundo Mohamed Bin Zayed de Espécies Ameaçadas, dos Emirados Árabes Unidos, da Reserva Conservacionista Piracema, de Almas, e do Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins (Ruraltins), por meio do escritório local de Porto Alegre do Tocantins.
Atualmente, restam menos de 200 indivíduos dessa espécie na natureza, com a população do Rio Novo estimada em 25 adultos. Entre 26 de junho e 1º de julho, os pesquisadores desceram os 145 km do Rio Novo, e identificaram um ninho até então não mapeado, em uma cavidade de árvore às margens do rio. Este é o único ninho conhecido para a temporada de 2024.
Dois estudantes de mestrado da UEMA, Janaína Silva e Franciel Lima, passaram a monitorar o ninho a partir de 30 de junho, coletaram dados essenciais para a compreensão do ciclo reprodutivo da espécie. Equipados com câmeras, binóculos e gravadores, eles registraram informações que serão usadas na dissertação de Janaína Silva, orientada pelo Dr. Flávio Kulaif Ubaid.
Segundo o biólogo Marcelo Barbosa, inspetor de Recursos Naturais do Naturatins, o trabalho em cooperação deste ano proporcionou mais informações sobre a reprodução e sobrevivência dos filhotes. Marcelo Barbosa e Paulo de Tarso Antas, da Funatura, acompanharam os mestrandos nos primeiros dias de observação, que se estendeu até 30 de julho, quando os patinhos nasceram, e trouxeram esperança renovada para a conservação da espécie.
“A formação de novos e jovens pesquisadores é um dos pilares previstos nas ações de monitoramento e conservação do pato-mergulhão, desenvolvido pelo Naturatins. Com diversos equipamentos, como máquinas fotográficas, binóculos e gravadores digitais, coletaram dados inestimáveis para o entendimento da reprodução da espécie”, destacou Marcelo Barbosa.
Para o biólogo Paulo Antas, a colaboração entre instituições, moradores, visitantes e proprietários ao redor do Rio Novo é fundamental para a conservação dessa espécie única, símbolo das águas interiores brasileiras e uma das mais raras nas Américas e no mundo.