Um dos tufões mais potentes a atingir o Japão nas últimas décadas tocou o solo nesta quinta-feira (30), deixando pelo menos cinco mortos e causando grandes danos materiais, principalmente devido às chuvas torrenciais no sul do país.
O tufão Shanshan, com rajadas de vento de até 252 km/h, atingiu a ilha de Kyushu, a principal do sul do país, onde vivem 12,5 milhões de pessoas, por volta das 8h desta quinta-feira (20h de quarta-feira em Brasília).
Ao tocar o solo, o tufão perdeu intensidade, com rajadas de até 160 km/h. O perigo, no entanto, reside principalmente nas chuvas torrenciais, que causaram um deslizamento de terra mortal.
Cinco pessoas foram achadas mortas na área, informou nesta sexta-feira (quinta-feira em Brasília) a agência de notícias japonesa Jiji Press.
O balanço anterior indicava as mortes de três membros da mesma família, um casal na faixa dos 70 anos e seu filho de 30 anos, vítimas de em um deslizamento de terra que soterrou sua casa em Gamagori, na província central de Aichi.
Já na quarta-feira, as autoridades emitiram o nível de alerta mais elevado em algumas áreas e aconselharam centenas de milhares de pessoas a abandonar suas casas, avisando sobre o perigo de enchentes “potencialmente letais”, deslizamentos de terra e aumento do nível do mar.
A cidade de Kunisaki, na região de Oita, na ilha de Kyushu, pediu aos moradores que se mudassem “para um local seguro” ou que se instalassem em áreas elevadas, como “o primeiro andar” de suas casas, devido ao risco de inundações.
Na cidade litorânea de Miyazaki, que acabou repleta de destroços de todos os tipos, 25 pessoas ficaram feridas, algumas por causa de um tornado, e quase 200 prédios foram danificados, disse um funcionário local à AFP.
De acordo com a NHK, 59 pessoas ficaram feridas em Kyushu e um homem, que estava navegando em um barco, desapareceu no sul da ilha.
“Nossa casa está bem, mas aconteceu um tornado em Miyazaki e faltou energia em alguns lugares. É preocupante”, disse à AFP Aoi Nishimoto, uma estudante de 18 anos que mora em Fukuoka, a principal cidade da ilha. Ela disse que conseguiu entrar em contato com seus pais, que moram em Miyazaki.
O operador de serviços públicos de Kyushu informou que 187 mil residências ficaram sem eletricidade.
O tufão se move lentamente e, segundo a Agência Meteorológica do Japão (JMA), poderia avançar em direção à ilha principal do país, Honshu, e às cidades de Osaka e Nagoya.
Segundo a agência, o “risco de catástrofes devido às fortes chuvas poderia aumentar rapidamente no oeste do Japão para sexta-feira”.
Vigilância máxima
A agência pediu ao público que permaneça em “vigilância máxima” devido ao risco de fenômenos como “tempestades violentas, ondas de tempestade e marés altas em Kagoshima; deslizamentos de terra e inundações em áreas baixas; e transbordamento de rios no sul de Kyushu”.
Espera-se um recorde de chuvas no sul de Kyushu.
Em resposta, a gigante do setor automobilístico Toyota suspendeu a produção em suas 14 fábricas no Japão e a Nissan e a Honda interromperam temporariamente as operações em suas fábricas em Kyushu.
A ilha abriga grandes fábricas de semicondutores, e algumas delas também foram fechadas por precaução devido à tempestade, como a Tokyo Electron.
O transporte também foi afetado pelo tufão, que forçou a Japan Airlines e a ANA a cancelar mais de 1.000 voos domésticos e internacionais na quinta e sexta-feira, afetando mais de 44 mil passageiros.
Várias conexões ferroviárias foram interrompidas e o trem de alta velocidade (Shinkansen) parou de funcionar entre as cidades de Hakata e Tóquio.
De 15 a 17 de agosto, outro tufão, o Ampil, também causou o cancelamento de centenas de voos e trens no Japão, mas deixou apenas feridos e danos menores.
De acordo com um estudo publicado no mês passado, os tufões na região do Pacífico estão se formando mais perto da costa, intensificando-se mais rapidamente e permanecendo em terra por mais tempo devido às mudanças climáticas.